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Para restaurar aproximadamente 6 mil hectares anexados ao Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari – com área total de 30.618 hectares -, na região norte de Mato Grosso do Sul – entre os municípios de Alcinópolis e Costa Rica -, o Governo do Estado vai plantar mais de 270 mil mudas como parte do projeto “Sementes do Taquari”. A ação, realizada pelo Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), é o maior projeto de restauração de unidade de conservação do Brasil.
A previsão é de que a vegetação típica do Cerrado, aos poucos, vai começar a se erguer na área. A iniciativa ambiciosa divide-se em etapas distintas e conta com apoio de várias empresas parceiras em cada uma delas. A primeira providência foi executar ações de conservação do solo, que incluem terraceamentos e correção de voçorocas, de acordo com informações do geógrafo Rômulo Oliveira Louzada, um dos responsáveis técnicos pelo projeto. Nessa etapa as empresas parceiras que custearam os serviços foram a Ômega Energia e a Restaura Spaço Engenharia.
No total, 29 voçorocas que comprometem aproximadamente 40 hectares serão recuperadas. Equipes de campo plantam sementes nas voçorocas para conter a perda de sedimentos. Louzada explica que as voçorocas são geralmente causadas pela combinação de chuvas intensas, falta de cobertura vegetal e práticas inadequadas de manejo do solo, resultando em um processo de erosão severa que pode levar à degradação do ambiente e à perda de terras férteis.
A etapa seguinte consiste no plantio das mudas, o que é feito pela ONG (organização não governamental) Oreades, custeada pelas empresas Cargil, ATVOS e Adecoagro. Durante o verão foram plantadas 70 mil mudas na área que recebeu o tratamento do solo e até o fim do ano, e a previsão é de que sejam plantadas mais 200 mil mudas. “São espécies do Cerrado como ipê, balsamo, angico, aroeira, sendo que 20% são plantas frutíferas para alimentar os animais silvestres, entre elas o baru, pequi, jenipapo, jatoba”, explicou Louzada.
Ao todo, o projeto pretende restaurar 6 mil hectares ocupados por pastagens e integrados recentemente ao parque com o plantio de 2 milhões de árvores. “Um projeto dessa magnitude presta uma série de serviços ambientais impossíveis de serem avaliados, como o aumento da biodiversidade, a melhora da saúde do solo e recarga dos aquíferos, além de fortalecer as relações institucionais entre o poder público, a iniciativa privada e a sociedade na busca por soluções viáveis para problemas ambientais”, pontuou o geógrafo.
Monitoramento
Primeira amostra dos benefícios que o projeto traz à natureza foram registradas em armadilhas fotográficas instaladas na área que é recuperada. Dezenas de espécies foram flagradas transitando pela região – durante o dia e a noite (a maior parte) -, como antas, catetos, lobinhos, mão-peladas, tamanduás e até onças pardas.
As armadilhas fotográficas consistem em uma câmera fotográfica que é ativada a partir de sensores de movimento. Elas são instaladas em campo e, quando um animal passa na frente, fotos ou vídeos são registrados. “Através dessa técnica é possível saber quais animais mamíferos de médio e grande porte vivem na região estudada e quais seus hábitos. Vamos comparar também a presença de fauna em diferentes estágios de restauração e de áreas com e sem intervenção”, explicou a analista de biodiversidade do Imasul, Bruna Gomes de Oliveira.
O projeto transformou o espaço sob intervenção em um imenso laboratório ao ar livre. Além de acompanhar o processo regenerativo do solo e da vegetação e estudar os hábitos da fauna, a diversidade de peixes também é monitorada nos córregos e rios da região. O objetivo é registrar as mudanças que a restauração causará na diversidade de peixes, uma vez que a presença de cardumes funciona como importante bioindicador da qualidade ambiental.
Dessa forma, a qualidade da água dos corpos hídricos presentes também é monitorada, com pontos de amostragem que passaram a integrar o programa de ‘Monitoramento da Qualidade das Águas’, executado pelo Imasul.
Por fim, uma técnica moderna de monitoramento da paisagem acústica terrestre (som do ambiente externo) será utilizada para avaliar a heterogeneidade sonora de pontos específicos com o objetivo de comparar áreas nativas, áreas degradadas e áreas em restauração, do ponto de vista sonoro. O método também permite verificar a presença de espécies de aves de maneira indireta no ambiente, otimizando os recursos para trabalhar com as espécies.
João Prestes, Semadesc
Fotos: Divulgação Imasul
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