AGRICULTURA

Produção de milho safrinha é recorde em Mato Grosso do Sul

today04/09/2025 12

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Estimativa é de 14,226 milhões de toneladas na 2ª safra, superando a de 2022/2023

Mato Grosso do Sul caminha para colher a maior safra de milho da história. Dados atualizados do Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio (Siga MS) apontam que a segunda safra 2024/2025 deve atingir 14,226 milhões de toneladas, superando o recorde anterior, registrado no ciclo 2022/2023, quando foram colhidas 14,220 milhões de toneladas de milho.

A nova estimativa trazida pelo boletim Casa Rural, elaborado pela Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS) em parceria com a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), representa um crescimento de 68,2% em relação ao ciclo anterior e confirma o bom desempenho das lavouras.

“A segunda safra de milho apresenta um ótimo potencial produtivo. Isso se deve ao bom volume de chuvas em abril, que beneficiou principalmente as lavouras que estavam nos estádios fenológicos entre V10 e R2 [desenvolvimento]”, detalha o boletim.

O levantamento indica ainda que a área plantada deve atingir 2,103 milhões de hectares, mantendo-se praticamente estável em relação ao ciclo anterior, mas a produtividade média saltou para 112,7 sacas por ha, avanço de 68,1%. Na prática, isso significa que o ganho de produção veio da maior eficiência no campo, não da expansão de área.

Conforme a metodologia do Siga MS, as lavouras classificadas como boas representam 78,1% do total, enquanto 15,3% são consideradas regulares e apenas 6,6% estão em condição ruim. Em algumas regiões, como o Nordeste, 93% das áreas foram avaliadas como boas, consolidando médias superiores a 130 sacas por ha em municípios como Chapadão do Sul e Alcinópolis.

Apesar do avanço, a cultura do milho perdeu espaço em relação a anos anteriores. Atualmente, ocupa 46% da área de soja no Estado, proporção menor que os 75% registrados no auge do cereal. A retração é atribuída ao alto custo de produção e ao risco climático.

ATRASO
Conforme já adiantou o Correio do Estado, houve atraso na colheita da safrinha. O último boletim Casa Rural aponta que a colheita atingiu 90,9%, ou 1,911 milhão de ha, atraso de 6 pontos porcentuais em relação a média dos últimos cinco anos. A região sul lidera o avanço, com 91,8% colhidos, seguida do centro (89,1%) e do norte (88,6%).

“Nesta safra, houve um escalonamento maior no plantio em função do deficit hídrico no início do ciclo e, com isso, o desenvolvimento das lavouras ficou desuniforme. Além disso, a ocorrência de chuvas na fase final atrasou o início da colheita em algumas regiões”, explica o assessor técnico da Aprosoja-MS, Flávio Aguena.

Ainda de acordo com a Associação, na quarta semana de junho, a frente fria que atingiu o Estado provocou geadas em diversas regiões, afetando cerca de 35 mil ha, principalmente nas áreas central e sul do Estado. Os danos estimados variam entre 10% e 30% da produção nessas localidades. Já no fim de julho, ventanias intensas afetaram principalmente o centro e o sul do Estado, provocando o tombamento de cerca de 14 mil hectares de lavouras de milho, estima-se perdas de 20% a 40% da produção.

“As chuvas no fim do ciclo do milho safrinha têm dificultado a secagem natural dos grãos, o que está atrasando a colheita. Colher o milho com muita umidade aumenta os custos, porque é preciso secá-lo antes de armazenar (abaixo de 14% de umidade) para manter a qualidade dos grãos. Por outro lado, deixar o milho no campo por mais tempo também é arriscado, pois a produção fica exposta às intempéries climáticas”, disse Aguena, e completou.

“O produtor fica em uma situação complicada: ou colhe mais cedo e gasta mais com secagem, ou espera e corre o risco de perder parte da produção por causa do clima. O ideal é acompanhar a previsão do tempo e a umidade dos grãos para tomar a melhor decisão possível”, finaliza o assessor.

O bom desempenho do milho vem em um momento estratégico para a economia estadual. Com a soja praticamente toda comercializada (80,5%) e o milho com 52% da safra já vendida, segundo levantamento da Granos Corretora, o agronegócio mantém o fluxo de receita que sustenta o Produto Interno Bruto (PIB) de Mato Grosso do Sul, garantindo competitividade no mercado interno e no exterior.

Os preços médios praticados entre os dias 25 e 29 de agosto em MS apontam a saca de soja cotada a R$ 126,19, e a de milho a R$ 50,25.

Segundo o analista de Economia da Aprosoja-MS, Mateus Fernandes, o segundo semestre é o período em que a quantidade de soja brasileira já foi comercializada e, por isso, os preços acabam se valorizando.

“A expectativa é que os preços melhorem um pouco mais até novembro. A cotação da soja no mercado futuro para novembro teve como preço médio R$ 131,90 a saca, e o milho, R$ 50,68. Com a grande oferta de milho no mercado, por causa de uma boa safra nos principais produtores mundiais, os preços não apresentam grande variação no mercado futuro. O preço do milho sul-mato-grossense tem sido balizado pela demanda interna e o seu principal destino é o processamento para produção de etanol e ração animal”.

Escrito por difusorapantanal

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